Casa cheia, público entregue, show histórico. A noite quente da última quinta-feira, 10, na lona do Circo Voador começou com Nego Gallo, acompanhado por DJ Flip Jay nas pick-ups, abrindo o lançamento do álbum “Roteiro Pra Aïnouz, Vol.2“, de seu chapa de longa data, Don L. Durante a sua apresentação, Nego cantou a mixtape “Veterano” (2019), relembrou o início de sua carreira no Costa a Costa e de sua trajetória construída em Fortaleza. Se emocionou e emocionou o público ao dizer o quanto aquele momento significava para ele. Afinal, sair do nordeste para cantar em uma das casas mais tradicionais do Rio de Janeiro, por onde já passaram nomes como: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elza Soares, entre outros destaques da música brasileira, e ainda, ser ovacionado por um público caloroso que clamava: “Uh! É Nego Gallo!”, é realmente de mexer com o coração.
Durante o show de Gallo, Don L subiu ao palco para cantarem juntos: “Enquanto Num Vim“, do Costa a Costa, e “No Meu Nome” (Veterano). Provando que seu respeito e gratidão por sua trajetória é maior do que sua vaidade, afinal, não é qualquer atração principal que dá as caras antes da sua performance.
A atitude não interferiu em nada a euforia do público em recebê-lo novamente, desta vez para o lançamento de “Roteiro Pra Aïnouz, Vol.2“. O espetáculo foi introduzido pelo público sob as palavras de ordem: “fogo nos racistas”. Don L tem fãs engajadíssimo na luta social, um previlégio, nos dias de hoje. No mezanino da platéia havia um cartaz enorme escrito “Jesus estaria do nosso lado”, fazendo menção a um trecho de “vila rica“, música entoada por Don ao lado de Terra Preta e Alt Niss.
“Lutar, criar, poder é popular”, foi a segunda palavra de ordem do público que introduziu “a todo vapor“, antes que Don retornasse ao palco. Foi incrível notar a entrega dos fãs, eles estavam ali para assistir e viver intensamente o presente, a lona estava cheia e em dado momento contei apenas seis indivíduos com o celular pro alto, nos últimos 10 anos eu nunca vi isso. Don L tem esse poder, envolver as pessoas e hipnotizá-las.
Antes que o show terminasse, as últimas palavras de ordem foram: “Ei Bolsonaro, vai tomar no cu”. Don concordou e disse que para além disso, é importante tirar do poder não só Bolsonaro, mas quem ele representa, ou seja, quem está por trás e apoia o desgoverno genocida.
Mais que um show, a apresentação de Don L é um manifesto popular.
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