Nego Bala faz o show mais representativo do Coala 2022

Funkeiro homenageou Elza Soares e Sabotage e ainda cantou “Baile de Favela” com MC João

No último domingo, 18, Nego Bala se apresentou no Coala Festival, no mesmo palco em que Marina Sena, Black Alien e Maria Bethânia se apresentariam mais tarde. O funkeiro estava apreensivo com sua performance e fez questão de que sua família: seu pai Altair Generoso e sua irmã Vanessa Generoso, estivessem presentes com ele neste momento que marcava mais um passo em sua carreira. Com o sol escaldante do último domingo de inverno, a figurinista Maria Rocha foi quem vestiu Nego Bala: uma camisa Lacoste branca, um conjunto azul turquesa da marca Cyclone, uma balaclava de crochê, feita por Naya Vital, cordões, pulseiras e anéis de prata, e um tênis Mizuno Wave Prophecy X – mais conhecido como Pro X – branco, compuseram o traje do funkeiro. 

“Boladona”, da Tati Quebra Barraco, tocava no palco principal, preparando o público para a performance de Nego Bala que estaria por vir. Logo, sirenes ecoavam, introduzindo “Diumjeitudiferent“, faixa que integra o álbum Da Boca do Lixo. Ainda escondido por trás das cortinas, Nego Bala rimava: “Tu não agiu com a verdade e desacreditou, mas o bonde especialista na sua mente entrou”, já em cima do palco o funkeiro se emocionou enquanto cantava com a voz embargada “minha coroa falou pra mim não se envolver, que o fim dessa vida era preso ou morrer”, enquanto tirava do bolso uma foto de sua falecida mãe Edna Justina e a apresentava ao público, declarando em seguida: “pai, te amo”. Sim, era muito importante para Nego Bala que sua família estivesse presente, e estava, seu pai e sua irmã assistiram ao show da plateia muito emocionados.

Nego Bala relembrou o funk das antigas “Rap da Felicidade”, da dupla Cidinho e Doca, sendo acompanhado pelo público no refrão “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci”. Em seguida pediu o óculos modelo Juliet para a produção, afinal era hora de cantar “Cifrão In’Pé“, nesse momento as dançarinas Karoline Pereira, Barbara Querino e Pink invadiram o palco com uma coreografia ritmada e agitando o público, que ficou alvoroçado. Depois de cantar “Paradoxo“, “Anjo” e “Fumando do Verde“, era hora da aguardada participação especial dar as caras, MC João cantou “Set Classe A”, música lançada ao lado de Nego Bala em 2021 com participação dos MCs Renatinho do Trecho, Mano Binho, Pi e Leléo e em seguida agitou o público com “Baile de Favela“, junto a Nego Bala, em um dos momentos mais aguardados do show. 

“Baile de Favela vai além de putaria, esse é o nosso movimento, nossa revolução, e a revolução nós começamos dentro de casa, salvando a nossa família”, disse MC João. Nego Bala relembrou, então, os momentos em que ele e João se encontravam na Favela do Moinho, localizada no centro de São Paulo, para cantar em cima de um pallet improvisado, e mostrou como estava orgulhoso por estarem juntos agora, ocupando o palco de um dos mais importantes festivais do país. 

Marcando ainda essa transição e trazendo mais uma de suas referências ao show, ao cantar a faixa homônima de seu álbum de estreia “Da Boca do Lixo”, Nego Bala usou um par óculos futurista, inspirado no que Travis Scott vestiu durante a performance que marcou seu retorno aos palcos, no O2 Arena, em Londres – trazendo assim a estética da velocidade infinity, tema do refrão da canção “Da Boca do Lixo“: “ele é dono das marca, das grife, e como eles vem na velocidade infinity, é que os moleque é de outro nível, pergunta quem que é o bonde? É o bonde da Boca do Lixo“.

Travis Scott no O2 Arena, em Londres. Créditos: Burak Çıngı/Redferns

Créditos: Poliana Duarte

Buraco no Céu” e “Som de Preto” antecederam a canção que encerrou o show, nesse momento Nego Bala mostrou duas camisetas, uma de Sabotage e outra de Elza Soares, e antes de cantar “SONHO“, evocou: “Que Elza Soares esteja em paz”. O show de Nego Bala no Coala Festival foi um resgate à ancestralidade e honrou sua família e a Boca do Lixo, região localizada na cracolândia, em que nasceu e onde vive até hoje.

Foi histórico levar aos palcos do Coala a música de comunidade, de favela, de rua, que é o funk, ainda mais com a participação do corpo de balé, algo inédito nos meus shows. Além disso fiquei muito orgulhoso do meu pai estar perto de mim”, finaliza Nego Bala. 

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