Feminismo, ancestralidade e o papel da mulher negra compõe as sete faixas do novo disco
Por Lívia Mello
Rimas e Melodias são sete mulheres reunidas a partir de uma cypher e que hoje formam um coletivo. Composto por Tássia Reis, Karol de Souza, Stefanie, Alt Niss, Tatiana Bispo, Drik Barbosa e a DJ Mayra Maldjian, nesta última sexta-feira, 15, o grupo lançou seu primeiro álbum. Gravado no estúdio do Red Bull Station e produzido por Dia, Grou, Nauak e Deryck Cabrera, o disco mistura RAP com neo soul em sete faixas dedicadas ao feminismo, a ancestralidade e ao papel da mulher negra na sociedade. A última canção, intitulada “Manifesto/Pule, Garota” ganhou a participação especial da filósofa Djamila Ribeiro, referência quando o assunto é feminismo negro, que recitou versos escritos por ela mesma exclusivamente para o álbum homônimo do Rimas e Melodias.
FAIXA A FAIXA
O disco foi dividido em três partes: três faixas com a participação de todas, três faixas cantadas em duplas, e um interlúdio. A intro, de quase três minutos, tem participação de todas as integrantes. A segunda faixa, intitulada “Coroação”, de Drik Barbosa e Stefanie, vem carregada de protesto: “Toda força, mulher preta. Toda garra, mulher preta. Quanta força, mulher preta. Somos glória, mulher preta”, versa o refrão. Seguida por “Origens”, em que cada uma rima sobre suas raízes, com exceção de DJ Mayra, que expressa sua ancestralidade através de um sample de dukduk, flauta típica da região Armênia, fruto de sua ascendência paterna. “Paradoxo”, de Tássia Reis e Tatiana Bispo, é uma canção de amor. A quinta faixa, “Sete Chaves”, é um interlúdio seguido por “Vivência”, de Karol de Souza e Alt Niss, que fala sobre o julgamento que a mulher sofre em seu cotidiano: “não me viu na vivência, me julga nas festas, só fala de aparência”. “Manifesto/Pule, Garota” é a última faixa, e como dito anteriormente, tem a participação de Djamila Ribeiro: “Desconforto é um incomodo necessário. O som das nossas rimas vai perturbar o teu sono, desestabilizar a sua calma, e ao mesmo tempo mostrar a nós a força da quebra. A felicidade de se autodefinir. Sim, vou olhar para mim e desta vez vou gostar do que eu vejo e direi para mim o quanto eu sou incrível”, sintetiza a filosofa.
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