Msário conta sobre seu primeiro cd solo “Sangue de Leão”

Depois de 12 anos ao lado do grupo Pentágono, o rapper apresenta o fruto de sua carreira solo 

M. Sário
Msário

Por Lívia Mello

Em um tom pessoal e com seu flow característico, o cd “Sangue de Leão” fala de frustrações, sonhos, desejos e metas de vida de Msário, além de passar mensagens que o mesmo acredita para o mundo, tudo embalado por uma mistura de ritmos da música negra. O álbum conta com dez faixas inéditas e praticamente 100% orgânicas, tocadas pelo power trio da Banda Brasativa.

Conversamos com rapper pra saber um pouco sobre a diluição do grupo Pentágono e o processo de produção de seu primeiro disco solo. Confira a entrevista na íntegra:

Rap Na Rua: Você está no RAP há 15 anos, ou seja, metade da sua vida. Como foi sua trajetória pra chegar até aqui?

Msário: Eu comecei a fazer um som com 14 anos, a gente começou a fazer outras paradas, tocar maracatu, depois chegou o RAP. Eu já curtia (rap), mas quando comecei a fazer, bateu e ficou. Vi que era uma coisa que eu queria fazer pelo resto da minha vida. Eu podia passar algo bom para algumas pessoas e de maneira diferente, vi que me identificava com isso e é onde pretendo ficar para sempre, é minha vida. Me sinto realizado.

RNR: Foi nessa época que surgiu o Pentágono?

Msário: Nós nos conhecíamos desde antes, sempre moramos no mesmo bairro, estudávamos na mesma escola, e o maracatu que nos uniu. Começamos a tocar para passar de ano, foi uma distração que acabou se tornando a minha vida. No primeiro grupo que formamos estavam todos do Pentágono, menos o Apolo e o Dj Kiko. Começamos a fazer RAP, nos juntamos e criamos o grupo, depois criamos outro, e aí formamos o Pentágono. Mas sempre com todos juntos.

RNR: Vocês trilharam essa caminhada juntos por 12 anos, como acabou? Porque tomaram essa decisão?

Msário: Chegou uma hora que cansou um pouco, chegou o momento de cada um fazer a sua música, expressar suas ideias de uma maneira completa. Acho que quando você trabalha em grupo, nem sempre é a sua ideia que prevalece, as vezes você tem que ceder, alguém tem que ceder. Acho que esse foi o momento, chegou a hora de cada um fazer o que realmente quer, foi uma decisão em comum. Quando for o momento nos encontraremos novamente. Sempre foi uma ideia coletiva, os cinco decidiam, não tinha alguém que liderava.

RNR: Agora, no projeto solo, você sente mais liberdade para executar seu trabalho?

Ao mesmo tempo que sinto mais liberdade, sinto um pouco de falta dos parceiros no momento em que estou no palco. A maioria dos show que toquei foram com o Pentágono, mas tenho a liberdade de tocar a música que quero, na hora que quero, do jeito que eu quero. Um raggae, um rap, um trap, é a minha música, não é a música do Pentágono, posso incluir participações de pessoas que eu gosto, admiro, que tem mais a ver com a minha influência do que com a do Pentágono

RNR: Você escolheu rappers da cena underground para participar do seu primeiro disco solo, o que determinou isso?

Msário: Na verdade eu escolhi pessoas que eu conheço e admiro, o Max (B.O.) e o Kamau são meus irmãos de muito tempo, o Apolo e o Rael também. A Izzy Gordon tá no disco também, a admiro muito, é uma produtora fenomenal, extraordinária. O Monkey Jhayam é uma revelação do reggae, apareceu na cena faz uns 3, 4 anos, mas ele já vem de uma maneira que pode mudar a cena e influenciar muito. A primeira vez que vi ele cantando eu já curti, falei “Caralho, o moleque é foda, quero ele no meu disco”. O Junior Dread para mim é uma referência do reggae nacional, faz tempo que ele tá na cena, faz tempo que vejo ele cantar, ele é foda, você fecha os olhos e imagina o Bob (Marley) cantando.

RNR: O seu disco tem influência do reggae, ragga, da onde surgiu essa influência?

Msário: Eu acho que tudo vem chegando um pouco, eu ouvia Bezerra da Silva, Raul Seixas, Nirvana, depois RAP, rock. Em 1992, quando o Kurt Cobain morreu eu chorei, eu gostava do cara, eu era uma criança, tinha 9 anos. Depois que fiz os dreads, me envolvi mais com o reggae, comecei a gostar. O reggae sempre fez parte da minha vida, mas acho que chegou mais quando fiz os dreads. Comecei a procurar mais, a ouvir mais, escutar os cantores, querer saber quem cantava aquelas músicas. Eu acho que tentei trazer pro disco toda essa vivencia que tive do rock, reggae e RAP.

RNR: Você é Rastafari?

Msário: Não, eu tenho dread. O rasta para mim é outra parada, religião não se discute, eu não sou rasta, não desconsidero e também não pago sapo.

RNR:  Por que “Sangue de Leão”? Você se considera um leão na selva de pedra?

Msário: Me considera um leão, acho que todo mundo que ama, que está atrás do seu pão para viver da melhor maneira possível, sem atrasar ninguém, é um leão. Principalmente nessa selva de pedra chamada São Paulo, é foda. O disco tem esse nome porque eu estou expressando tudo o que eu sinto, tudo que está na minha mente, me corroendo pro lado bom e pro lado ruim. Estou literalmente dando meu sangue por esse disco, por isso que ele vem nessa linha.

LANÇAMENTOS:

Respirando os novos ares que a carreira solo proporciona, Msário também lançou o novo site msario.com, onde os fãs encontrarão biografia, vídeos exclusivos, disco completo, agenda de shows atualizada, além de informações do trabalho e links para todas as redes sociais do cantor.

Ouçam o disco “Sangue de Leão” na íntegra:

Façam o download do disco aqui

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