O ENEM passou, mas, segundo pedagoga, a cultura negra ainda precisa de mais espaço nas escolas. Em Paraisópolis, uma biblioteca gratuita promove a literatura de autores negros.
(Créditos da imagem: Divulgação)
Por conta do Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20, o mês de novembro tem sido marcado pela reflexão sobre os direitos, a cultura e a vida da população negra no Brasil. Em sincronia com esse movimento, o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2024, foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Dos mais de 4,3 milhões inscritos, 73,4% participaram da prova no domingo, 3 de novembro.
De acordo com Dayse Oliveira, Coordenadora de Projetos Pedagógicos da Nova Escola, dos pilares para a valorização da herança africana no Brasil é por meio de uma educação que paute as questões raciais.
Apesar da Lei 10.639, que obriga o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nas escolas, um levantamento feito pela Nova Escola aponta que 1 em cada 4 educadores não conhecem as principais autoras negras como Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo, Angela Davis, entre outras.
Outro dado impactante é que 62% dos educadores não se sentem bem-preparados para tratar o tema racial nas salas de aula. A pesquisa também aponta que 94% dos professores conhecem a lei, mas somente 31% afirmam que ela está sendo aplicada de forma abrangente e efetiva, 49% alegam que está sendo aplicada de forma parcial, e 34% dizem que não está sendo aplicada ou não saiu do papel. O questionário foi realizado com 1.847 educadores de todo o Brasil via formulário online em 2023.
“Os autores negros e a história africana e afro-brasileira precisam ser trabalhados nas escolas para reforçar a representatividade e auxiliar no combate ao racismo. A escola pode ser um dos piores lugares para as crianças negras, que aprendem sobre história vendo os negros chegando ao Brasil como escravos. Mas essa não é a história completa dos povos negros, a representatividade precisa ser contada também de forma positiva para que as crianças se sintam confortáveis com a sua identidade”, comenta Dayse Oliveira.
Incentivo à literatura e cultura negra
Em Paraisópolis, a segunda maior comunidade de São Paulo, a organização social Pró-Saber SP, que atua há 20 anos com educação, incentiva a leitura por meio de contação de histórias, programas educacionais e uma biblioteca infantojuvenil gratuita com mais de 20 mil títulos, entre eles, diversas obras feitas por autores/as negros/as.
Nas prateleiras da biblioteca é possível encontrar autores como Lázaro Ramos, Emicida, Caroline Carvalho, Kiusam de Oliveira, Otávio Júnior, entre outros. Além da possibilidade de levar os livros para casa, a biblioteca também é palco de outras atividades que dialogam com a cultura periférica, e majoritariamente negra, vivida em Paraisópolis, como sarau de poesia e slam poetry, que reúne jovens na arte das rimas. Nos programas desenvolvidos com as crianças, a representatividade negra aparece no nome dos grupos: Lupita Nyong’ Emicida, Dona Ivone Lara, MC Soffia e Kiusam de Oliveira são algumas das personalidades negras que nomeiam os grupos do programa Ler & Brincar, que utiliza a leitura e brincadeira como ferramenta educacional, com foco na alfabetização.
O espaço também tem sido escolhido por autores e editoras, como a escritora, professora e ativista da educação antirracista Waldete Tristão, que lançou seu livro “O Quintal das Irmãs”, ilustrado por Rodrigo Andrade.
“Os livros que trazem a perspectiva e a cultura das pessoas negras, são ferramentas poderosas para a valorização da herança africana no Brasil. Mais de 55% da população brasileira é negra, e precisa acessar informação sobre qual é o legado que essa ancestralidade africana deixou na história, na música, nas artes, na política, na ciência, entre outras áreas”, conta Fernanda Renner, Coordenadora Pedagógica.
Impacto do Pró na comunidade
A comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, tem mais habitantes do que 94% dos municípios brasileiros. Apesar de populosa, a região é marcada pela falta de continuidade de políticas públicas em diferentes áreas e ainda com poucas opções de lazer e cultura. É nesse universo que crianças que o Pró-Saber SP já impactou mais de 18.800 mil crianças e jovens diretamente, e mais de 55 mil pessoas indiretamente, ao levarmos em consideração que os programas acabam invadindo as casas das crianças e jovens.
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