Inspirado em Chico Science, Mago de Tarso emula o manguebeat no trap

“Antene-se”, faixa do álbum Da Lama ao Caos, já está disponível nas plataformas digitais

Com a partida de Chico Science, em 2 de fevereiro de 1997, a lama do Recife silenciou o caos por um instante. Mas o legado do cantor transformou a cidade em um celeiro inesgotável de manguebeat, onde o diálogo entre a cultura popular e a música pop floresce em novas direções.

Entre essas novas vozes pós-mangue, destaca-se Ian Siqueira, mais conhecido como Mago de Tarso, que nasceu um ano após a morte de Chico. Ele desponta como fenômeno no trap e, sendo um autêntico bairrista, preserva o sotaque que enaltece a identidade pernambucana e nordestina em cada verso.

Na última sexta-feira,16, ele apresentou a versão de “Antene-se”, primeiro single do projeto Replay Da Lama ao Caos, icônico álbum de Chico Science e Nação Zumbi, que em 2024 completou 30 anos.  

Diretamente de Jaboatão dos Guararapes, Mago deu seus primeiros passos em batalhas de rap, onde se destacou e chamou atenção pelos improvisos nas rimas. Seus pais costumavam frequentar a Soparia, o epicentro musical do Recife na década de 1990, e influenciaram diretamente o rapper a se conectar com Chico Science e Nação Zumbi.

“Baseado no que Chico fazia na época dele, misturando rock com elementos regionais, como maracatu e ciranda, hoje estou tentando fazer o mesmo com trap, misturando com forró, brega funk e outros gêneros atuais.”


Recentemente eleito Artista Radar 2025 pelo Spotify Brasil, Mago explora os limites do manguebeat ao fundir sonoridades distintas como trap, bregafunk e forró. Em seu disco de estreia, “O Som do Litoral”, usou samples de Chico Science e Nação Zumbi, fazendo essa mistura acontecer na prática.  “Eles me chamam de novo Chico”, canta Mago em Caranguejo do Trap, expressão que acabou virando um apelido do artista. 

Mesmo com o crescente sucesso, Mago explica que sua intenção não é substituir o Rei do Mangue, mas sim ressaltar a riqueza cultural associada a ele.

“Eu nunca quis me colocar nesse mesmo patamar, estou construindo a minha própria trajetória. Mas sempre faço questão de exaltá-lo, porque ele foi um gênio, e ainda é pouco reconhecido”. 

A crescente projeção nacional não é motivo para Mago nacionalizar as músicas buscando agradar o público do Sul-Sudeste. “Precisamos vencer esse medo de que, se falarmos com nosso sotaque, o pessoal do Sudeste não vai nos absorver. O pessoal do Sudeste não se preocupa se o Nordeste vai absorver ou não o que eles fazem. Eles simplesmente fazem a arte deles. E aqui, acabamos consumindo e colocando no pedestal”, questiona.

O álbum completo Replay Da Lama ao Caos será lançado no dia 30 de maio, com versões de nomes como Duda Beat, Marcelo D2, FBC e Jup do Bairro, entre outros. Mago honrou o desafio e entregou uma versão contemporânea,  com o refrão que só podia ser dele “sou, sou, sou, mangueboy”.
 

Sobre o Replay

Replay é um projeto multiplataforma criado para homenagear os principais discos da música brasileira. A cada temporada um disco icônico é regravado por talentos da nova geração. 

Cada faixa do disco é interpretada por um artista e o processo todo é filmado, se transformando em uma série documental. No último episódio,o projeto convida três pessoas diretamente ligadas ao disco original para ouvir as regravações, como uma grande surpresa. Ao fim do processo, o disco regravado também vira um álbum digital, disponibilizado em todas as plataformas de música, além de um disco de vinil, com edição limitada.

Na primeira temporada, o projeto regravou o clássico Acabou, Chorare, com Maria Gadú, Xênia França, Francisco El hombre, Gilsons, Marcelo Jeneci, Onze vinte, Afrocidade, João Cavalcanti, Letrux e Céu. O projeto é idealizado pela Mescla Entretenimento.

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