Em sua 9ª edição, o evento acontece nos dias 2 e 3 de novembro (sábado e domingo), no IMS Paulista, com entrada gratuita. No festival, também será lançada a nova edição da revista ZUM.
(Créditos da imagem: Zanele Muholi)
Organizado pela revista de fotografia do Instituto Moreira Salles, o Festival ZUM acontece nos dias 2 e 3 de novembro (sábado e domingo), no IMS Paulista (Av. Paulista, 2424). São dois dias de atividades gratuitas, incluindo feira de fotolivros, oficina e bate-papos. No evento, também será lançada a 27ª edição da ZUM.
O Festival ZUM tem como destaque a presença de Zanele Muholi, artista e ativista visual cuja obra ganhará exposição retrospectiva no IMS Paulista, em fevereiro de 2025. Um dos principais nomes da arte contemporânea mundial, Muholi (Umlazi, África do Sul) vem ao Brasil para produzir novos trabalhos e conversar com o público sobre seu ativismo e seu trabalho fotográfico em defesa da comunidade queer negra sul-africana, da qual faz parte, como pessoa não binária.
Também participam do festival, o compositor e cantor Rico Dalasam, representante do “queer rap”, a artista Tadáskía, destaque da ZUM #27 e que recentemente exibiu seu trabalho no MoMA/NY, o cineasta Lincoln Péricles, um dos fundadores da Cinemateca da Quebrada, Gê Viana, artista maranhense e pesquisadora, e Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, entre outros nomes.
DEBATES
A programação do dia 2 de novembro (sábado) inclui três debates. Às 15h, a artista Tadáskía conversa com a jornalista e cineasta Olinda Tupinambá sobre a performance como ferramenta para construir relações afetivas, reforçar a potência do cotidiano e resistir ao apagamento. A mediação será de Amanda Carneiro, curadora do Masp.
Em seguida, às 17h, a mesa “Rituais de comunhão” será composta pela artista e pesquisadora Gê Viana, o artista Caio Pacela, cuja pintura Amálgama é destaque da ZUM #27, e o cineasta e educador popular Lincoln Péricles. O bate-papo, com mediação da jornalista Tatiane de Assis, estabelecerá diálogos entre a produção de cada artista e a construção de diferentes tipos de comunidades, a partir da experiência quilombola de Viana, evangélica de Caio e do mutirão documentado por Péricles.
Às 19h, em rara visita ao Brasil, Zanele Muholi conversa com o público sobre seu trabalho artístico e ativismo na luta contra a violência de gênero e raça na África do Sul. Unindo arte e política, Muholi produz séries fotográficas que valorizam a beleza queer negra de sua comunidade, não raro valendo-se do autorretrato como veículo de expressão.
No domingo (3/11), às 14h, as artistas Giselle Beiguelman e biarritzzz conversam com o artista Guilherme Bretas sobre o uso da tecnologia na arte contemporânea, apontando os desafios e possibilidades que a inteligência artificial traz para subverter arquivos e desafiar visões coloniais. A fala será mediada por Pollyana Quintella, curadora da Pinacoteca de São Paulo.
A mesa “Sonhar pra ser”, às 16h, traz o rapper Rico Dalasam, autor do álbum Escuro brilhante, último dia no orfanato Tia Guga (2023), que se desdobrou em podcast sobre sua experiência de orfandade, e a cineasta Sabrina Fidalgo, diretora dos filmes Black Joy (2023) e Alfazema (2019). Com mediação da jornalista Adriana Ferreira Silva, o bate-papo abordará a importância de construir novas histórias e imagens para sonhar com um país mais diverso e menos desigual.
Além dos debates, no sábado (2/11), às 10h, acontece a tradicional apresentação das publicações selecionadas na Convocatória de Fotolivros ZUM/IMS. A seleção traz um panorama dos fotolivros lançados no último ano. Em seguida, três obras serão premiadas por um júri.
Nos dois dias de festival, a Feira de Fotolivros reunirá publicações de cerca de 30 editores, coletivos e artistas no térreo do centro cultural.
A programação também inclui uma oficina de colagem ministrada pela artista Gê Viana, no domingo (3/11), das 10h às 13h. As pessoas participantes discutirão imagens a partir de arquivos coloniais e familiares e é necessária inscrição prévia. Ainda no mesmo dia, às 11h, haverá um bate-papo em homenagem ao historiador Mauricio Lissovsky (1958-2022)com Ronaldo Entler, Lívia Aquino e Pio Figueiroa, na Biblioteca.
Durante o evento, o público também poderá conferir a instalação Corpo preta, da artista muSa michelle mattiuzzi, exibida na Biblioteca. Concebida com apoio da Bolsa ZUM/IMS 2023, a obra parte da ideia de fabulação crítica para construir novas imagens a partir do estudo de arquivos históricos coloniais de pessoas negras na Bahia.
No festival, também será lançada a 27ª edição da revista ZUM, que já está à venda no centro cultural e na loja virtual do IMS. A capa do novo número traz a série Álbum de desesquecimentos (2024), da artista Mayara Ferrão. Em texto publicado na revista, a crítica literária Fernanda Silva e Sousa comenta a produção de Ferrão que, a partir da inteligência artificial e de banco de imagens, cria cenas afetivas e familiares, em contraponto ao apagamento das narrativas negras. A ZUM #27 publica também pinturas de Caio Pacela, acompanhadas por texto da artista e pastora Ventura Profana, o trabalho da artista Tadáskía, comentando pela curadora Diane Lima, séries das fotógrafas Maya Goded, em imagens que mostram a luta das mulheres contra a destruição ambiental, além de obras de Vera Chaves Barcellos, que cria paisagens com impressões do próprio corpo, e Hélène Amouzou, que investiga as angústias da imigração a partir de autorretratos, entre outros destaques. A entrevista da edição é com Nair Benedicto, consagrada fotojornalista brasileira, que relembra mais de 50 anos de carreira, em conversa com a diretora e roteirista Paula Sacchetta.
RAP NA RUA OFICIAL
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