Entrevista com Deize Tigrona: É corre pra caramba, “Não Tem Rolê Tranquilo”

Nossa repórter MC Versa encontrou Deize Tigrona no local onde o visualizer de “Vilão” foi gravado, no Catete, Rio de Janeiro, para trocar uma ideia com a funkeira sobre o seu último álbum, “Não Tem Rolê Tranquilo”. O disco apresenta sete faixas no total, cinco delas totalmente inéditas – uma vez que “Vilão” e “Prazer Sou Eu” já haviam sido lançadas como single poucos meses atrás. A produção musical de “Não Tem Rolê Tranquilo” é coletiva, feita pela própria Deize em parceria com cada uma das participações especiais: Iasmin Turbininha, Larinhx, BADSISTA, Boogarins e KD Soundsystem (Holanda). O álbum é uma resposta de Deize aos rolês da vida, sejam eles bons ou ruins, públicos ou secretos. 

Entrevista com Deize Tigrona

1- Como é ser uma mulher mais madura, que já tem uma caminhada no funk, diante desse cenário atual?

Meio sinistro, né? Tanta patente: Deize Tigrona, e pá. Na verdade não tem eu, tem outras artistas também, principalmente da CDD, mas é uma responsa grande. Eu tenho essa noção, de ser referência e tudo mais, mas não é tão suave assim. Querendo ou não, é dar o exemplo pra arte de hoje em dia. Mas vejo uma expansão, é muita responsa o que fiz lá atrás e o que tô fazendo hoje, pra galera que tá vindo agora dizer que sou referência.

2- Como foi conciliar a carreira musical com o CLT durante tantos anos e chegar a esse patamar de poder viver apenas da sua música?

Viver totalmente da arte pra mim, que vim de 97/98, até hoje em dia, ainda não é uma estabilidade. Nessa época não existia as plataformas digitais, a gente nem sabia que ia ser chamado de artista, a gente não sabia que o funk ia se tornar um movimento politico, que ia ser um ato feminista, a gente não sabia que ia levantar pautas, ser referência, que ia passar três décadas e ia ser referência. Quando você sozinha pensa num ato artístico para mudar de vida, estar em outro patamar, ter uma sobrevivência, não é fácil. Uma coisa é lá atrás, a gente não tinha estúdio, gravadora, empresário, a gente gravava atrás de caixa de som com MD, que era um Mini Disquete. Quando a gente pega as plataformas hoje, é uma outra situação. A galera chama a gente de pioneira e dá tapinha nas costas, mas é difícil.

E nesse meio tempo de 97/98 pra cá, fui empregada doméstica, fui copeira, fui babá, por último agora fui gari. Pedi demissão agora, não é um orgulho pra mim ter pedido demissão. O que me orgulha é simplesmente ter entendido o que desejei e almejei lá atrás. Vivo da minha arte hoje em dia, mas ainda moro na Cidade de Deus, pego busão lotado, metrô, trem. Minha filha tá fazendo um curso que paga R$400 de ajuda de custo, minha outra filha tá na luta como DJ, agora ela pediu para o pai levar ela pra ver emprego, mesmo já tendo feito ponta em filme e mesmo falando várias línguas.

Eu sinceramente, na experiência, na referência e paciência que eu tenho, eu consigo dar minhas cambalhotas, e consigo viver da minha arte, mas onde eu estou? Eu queria viver da minha arte de outro jeito, queria viver da minha arte como se fosse uma música da Jovelina Pérola Negra, “ai que vontade que eu tinha e ter um carrão joinha e morar naquele ap em Copacabana“. Eu acho que com o tempo de estrada pra cá, isso não é uma necessidade, isso é uma compreensão de que eu mereço. Então, não é fácil. Pedi demissão porque eu tava sentindo isso, fui no médico e descobri que o trabalho tava danificando a minha saúde. Tô com uma hérnia de disco cervical, o médico pediu para rastrear pra ver se tava evoluindo um câncer, por causa de nódulo, por causa do braço. E eu pensei: caralho, eu sou uma artista, eu tenho fãs. E ao mesmo tempo que eu sei que tenho fãs, e mesmo trabalhando fora, mostrando pra eles que não é fácil, eu tenho também que ver a minha saúde e ver até onde dá pra eu arrastar como artista, mas arrastar num modo amável, porque eu amo o que eu faço, mas mostrando a realidade que não é fácil.

Eu vejo muita gente iniciando agora, com plataforma e produtora, e não é aquela coisa: tu tá rico, tu vai ficar rico. Acho que hoje em dia o funk, e outros gêneros, é como se fosse estourar a boa, a Mega Sena. Mas é isso, tenho o maior orgulho de ter ficado com a galera da gari. Foi uma época que eu tava em depressão e me inscrevi, passei. Na minha depressão eu fiz muito exercício físico, eu voltei a estudar, eu tava sem grana e precisava trabalhar, me inscrevi e passei, praticamente no auge da minha depressão, mas pensei nas pessoas em volta, que estavam comigo e tavam me dando um outro incentivo, um outro tipo de palavra amiga, uma outra situação, uma outra realidade, sabe? Onde você consegue enxergar, como se voltasse à sua essência. E fala: “Deize, caralho, não é porque você viajou a Europa toda, que você é a fulana de tal, não é porque você é a rainha sampleada, que você é a tal“. Isso pra mim, mas tem muita gente de fora que enxerga isso, e se pra mim não é ilusão, eu não quero passar essa ilusão pra outras pessoas. Quero que as pessoas entendam que infelizmente não é nada fácil.

Muita gente deve saber, né? Que porra, eu sou a canetada de “Não Adianta, Eu Esculacho”, “Fama de Putona Só Porque Como Seu Macho”, “Sadomasoquista”, “Injeção”, “Miniatura de Lulu”, porra, tudo que foi gravado lá atrás, 97/98, e que ecoa até hoje. Então, 2005 sou sampleada, 2005 doc “Sou Feia, Mas Tô Na Moda”, em 2008 vem o álbum com DJ Marlboro e esse álbum foi na briga, na porrada, porque foi no berro pra poder lançar essa porra. E aí depois, Batekoo, mas aí eu conheço o Maurício da Batekoo em 2014. Foi na época também da minha depressão que ele me convidou pra ir pra Salvador e eu tava na minha neura da depressão e não queria pegar avião, fui de ônibus com a minha irmã, mas fui. Conheci o Maurício ele falou sobre o projeto da Batekoo e tudo mais. E caralho, muito bom! Muita gente fala mal da Batekoo, mas a Batekoo acreditou. Foi mais saudável lançar um selo com a galera preta da Batekoo do que na época, em 2008. Eu sei também que agora com a Batekoo foi uma coisa difícil, porque infelizmente não é nada fácil pra nós. Mas acreditaram, foram atrás, me chamaram pra trabalhar, assinamos juntos, lançou o selo e fizemos o álbum, fui eu que fiz.

A primeira turnê 2019, foi uma questão de honra pra mim voltar pra Europa, mexi meus pauzinhos, os contatos, consegui passagem pra mim e pra um amigo que tava trabalhando comigo junto com a Batekoo. E falei pra Batekoo, independente se a gente tem algo assinado, consegui minha passagem e consegui passagem de mais alguém, e alguém vai comigo daí e a gente vai junto. Fomos juntos e fizemos uma turnê maravilhosa em 2019. É um coletivo e a gente tem que abraçar um ao outro, e aí, anda mais pra frente, vem a pandemia. Eu peguei COVID bem no início e achei que fosse morrer, na época tinha que ligar e falar os sintomas, mandaram eu respirar fundo, e quando respirei fundo, falei caralho. No final tive diarréia, eu tinha juntado uma grana e pensei “se morrer, vou morrer na estrada”. Fui pro nordeste, fiquei 7 meses, estava me separando, uma das minhas filhas ficou bem chateada comigo. E eu amo tanto que até hoje fico sentida e ela também ficou sentida comigo, mas eu precisava. Muita estrada, muita vivência, eu precisava desse respiro, fui pro nordeste acampar, mangue, mato, mar, rio…

E aí quando eu volto, “Sadomasoquista”, de 97/98, tava estourada, pessoal fazendo trend, os artistas: Joelma, Felipe Neto, Maísa, viralizou no TikTok. Aí comecei a ligar pro cara de 98 e falei a música tá estourada, coloca o EP na plataforma do jeito que tá pra galera entender da onde veio. E é isso, se tu puxar lá vai ver que a produção é daquela época, não é a de hoje. Em 2015 o André Pinho pediu pra eu mandar a voz de “Sadomasoquista” pra ele, e aí ele fez esse mach up com Rihanna. Essa é uma estrada que se vocês ouvirem tudo, vocês vão falar “caralho, mas como?”, e é real, viver da arte hoje em dia elabora toda uma mega produção. O funk não é como antes, a tia do cachorro-quente, o cara que vende a cerveja, o cara que carrega, a equipe de som, não é só isso. É a make, é o style, é o videomaker, é o cabelo, o mega hair, a unha de acrigel, é todo um potencial que sinceramente o funk merece.

Admiro muito os produtores de antigamente, a Furacão 2000 que fez o vídeo do pessoal no palco e lançou o CD da Furacão que todo mundo passou a conhecer a cara do artista funk e depois veio o KondZilla que levou o funk a outro patamar, uma roupagem Hollywood, ostentação, e isso deu outra visão. O funk inacreditado chegando no feat. com sertanejo. E eu digo sertanejo porque quando eu falei pro porteiro que eu queria lançar um EP, ele me falou que seria impossível, porque até pra Chitãozinho e Xororó era difícil. E na época era difícil mesmo, hoje em dia tu lança, mas tem que estourar a boa. Então eu como artista não estou aqui pra iludir ninguém, então o dia que eu tiver na boa, tipo Jovelina Pérola Negra, aí é outra situação. Mas também não vou dizer pra vocês que vivo mal. Eu moro na Cidade de Deus, a gente tem uma vida boa, mas sendo um problema social ainda, porque a gente mora na favela e é foda. Mas a gente desenrola, a gente tem saúde, então dá pra sobreviver, e acreditar, é não desistir. Tem que insistir na parada porque uma hora o jogo vira e eu tô aqui nessa luta até hoje.

3- O funk é um dos gêneros mais ouvidos atualmente, o que a periferia tem ganhado com essa ascensão do gênero? 

A popularização da cultura é uma coisa diversa, eu acredito que isso é um ponto muito positivo porque você pode continuar morando na favela, mas fazendo a sua arte. Sempre nasce alguém, principalmente dentro da favela. É linda a popularização da cultura, da arte, do funk, da arte plástica no asfalto estando em museus, desde que os museus também traga pras favelas isso. Quando falam “A Favela Venceu”, eu não vejo real. Mas eu aceito quando dizem “Eu sou da favela e venci”. Porque ainda tem a maioria da favela ainda é de fãs, de público. Eu fico reflexiva nesse lance, óbvio que a favela pode vencer com mais estabilidade, educação, mais projetos, mais médico, mais cultura, não só lá debaixo pra cá, mas lá de fora pra cá também. Eu entendo que essa frase pode funcionar no individual, mas não numa ilusão. Infelizmente ainda tem pessoas que sofrem de depressão e pode se confundir com isso.

4- O que você acha que falta para a cena do funk atual?

O pessoal do Trap que hoje em dia conseguiu um patamar pra outro nível, trazer essa junção pro funk, porque o funk ele vem lá de trás junto com o Rap e que ainda não tá ganhando milhões como o Trap. Eu não consigo entender como que teve essa desenvoltura, mas a maioria do Trap diz que vem do Funk, então acho que falta essa junção do Trap com Funk na atualidade pra fazer uma parada só. Não só uma line mais homem que mulher, quando na verdade hoje as mulheres lutam contra o machismo no Funk e eu vejo a maioria dos caras do Trap falando que vem do Funk e na maioria das letras… Sou muito respeitada no Trap, por BK, Luccas Carlos, Poze. Já bati duas vezes de frente com o Poze, conversando com ele, ele fala que lembra de mim, que já ouviu falar. Eu queria essa junção, porque o Trap veio nas plataformas digitais, que é o meio de sobrevivência, e quando os caras começam lá atrás no Funk e conseguem essa evolução, eu acho que deve haver essa junção do mainstream com o Funk.

5- Você foi uma das primeiras pessoas a levar o funk brasileiro pra Europa e ano passado você fez mais uma Eurotour, conta pra gente como foi toda essa experiência fora do Brasil? 

Então, 2005 eu fiquei sabendo do sample e esse amigo que me contou sobre o sampler ele que vendia o Diplo aqui no Brasil e levando alguns artistas pra fora. E ele me convidou pra ir pra Paris, pra Europa, pela primeira vez. E ele me levou e eu simplesmente queria ficar, porque eu não tava chegando lá como empregada doméstica, como trabalhadora braçal, eu tava chegando com a minha arte, entende? E uma vez que você tá lá fora, você pensa em tudo o que você viveu e qual seria a oportunidade de você voltar, né? Então eu falei pra ele que eu não queria voltar pro Brasil, que eu queria ficar pra poder fazer feat, gravar com outras pessoas lá fora e tudo mais, Mas quando você vai com um produtor que tá levando vários artistas, ele não pode voltar sem um deles. Então eu não pude ficar, eu voltei. E tive essa oportunidade pela segunda vez, e era pra eu ficar uma semana, mas fiquei um mês e quinze dias por conta. Mas consegui fechar outras datas, consegui lugar pra ficar, Portugal era a base. E aí consegui Austria, Paris, consegui gravar, foi uma situação de expansão. Eu sempre fui do tipo “deixa a vida me levar”, mas quando você tá lá fora e gravando com essa galera, você vai aprendendo que é uma outra responsabilidade. Então antes de gravar com os Buraka, eu mandei mensagem pro Diplo perguntando se eu podia gravar, e ele disse “grava, eles são bons”, aí os Buraka fazem a mesma coisa, eles falaram “ah, perguntei pro Diplo sobre você”, é mole? E gravamos, consegui fechar mais datas e deu certo.

Em 2008, a terceira tour foi Rock in Rio Lisboa, e aí você pensa no tamanho do evento e eu viajava pra Europa de um lado pra outro e ouvia que a Amy (Winehouse) não queria cantar no Rock in Rio, e ela era a atração desse Rock in Rio. E eu ficava zoando “querem me levar pro Rock in Rio, não vou, não vou, não vou” (cantando no ritmo de Back to Black), mas eu vou, eu já tô aqui. E aí você só sente a responsa quando você vê no camarim: Supla, Fernanda Takai. A Amy já tinha cantado. E pra mim a ficha não cai, soou como mais um evento que tava acontecendo. A favela venceu até ali, o artista venceu até ali, mas a frente é um outro decolar, é um outro voo, é uma outra conquista. A “felicidade momentária”, é uma felicidade de um momento que eu tava ali naquele palco. Mas pra mim a ficha só caiu quando eu vi o Supla e a Fernanda Takai, não foi nem quando eu soube que a Amy ia cantar aquele dia. Era uma outra situação. E eu só sabia beber. E tem a Blaya, que também é dos Buraka, e depois de um tempo ela lançou a música solo “o pior que ele é safado e ainda por cima é carinhoso, ele faz tão gostoso“, e depois vem Madonna com Anitta regravando essa música, que hoje, 2024, é uma das músicas mais faladas que vai tocar em Copacabana, e ela lá comigo no palco, em 2008. Gente, eu sou uma futurista, real? Só que eu tenho o pé no chão e eu fico pensando sobre esse lance da felicidade do momento.

Depois eu ia ter uma outra tour e não consegui ir e em 2012 eu gravo Jaloo, “Prostituto”, “Madame” e tô na minha bolha da depressão, o tempo passa, em 2019 é uma questão de honra voltar pra Europa, onde eu tanto almejei fazer feat e levar o funk e acabou. Fiz o meu primeiro Boiler Room em Londres, com a Batekoo e DJ Glau. E chega 2023 uma outra situação de tour pra Europa e é isso. É outro patamar real, são mais conquistas para a gente dizer que sim, há esperança, há uma movimentação que é uma “felicidade momentária” de uma coisa que não é ilusão se a gente não desiste, que é a arte. Já estou com datas marcadas para a próxima tour, em 2024. E se torna uma outra situação, que eu não tenho que ficar esperando acontecer, eu tenho que fazer acontecer. A gente tá indo agora pra mais tarde ir num outro momento, conquistar também a América Latina, outras vias.

6- Como é voltar da Europa pra sua favela?

A primeira vez, 2005, foi uma cosia de louco. Você vê uma situação de uma outra estrutura governamental lá fora em relação ao Brasil. Como eu sou cria da Cidade de Deus foi diferente eu tá no subúrbio em Lisboa e chegar na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. No Cacém não tinha poça de lama, e na Cidade de Deus tinha. Foi um choque. Eu poderia mentir, mas foi um choque real. Mas tamo aí na luta por essa sobrevivência, por essa reparação de saneamento básico, que é uma coisa que a gente luta muito aqui no Rio de Janeiro.

7- Você disse que é tímida, como foi ser mais abusada nesse novo álbum? 

É uma questão de sobrevivência (risos), não pode ser tímida pra lançar um álbum, mas óbvio que você acaba pisando em ovos e vai devagar. Me considero uma pessoa tímida, me abro quando me sinto a vontade com as pessoas e lançar um álbum é uma questão de necessidade pro artista independente. Então você pode ser ousado, mas também ser reservado. Saber como falar, como chegar, ter desenvoltura. Esse álbum “Não Tem Rolê Tranquilo”, é sobre vivências, não só minhas, mas de outras pessoas também. Esse lance de tomar uma cerveja, conversar, estar em uma situação mais íntima, isso me leva ao relaxamento de confiar na pessoa, mas sempre prestando atenção em tudo. E eu tive essa ousadia, de chamar a Larinhx, BADSISTA, Yasmin Turbininha, e acho que o mais ousado foi o pessoal do Boogarins, e de sound system é a galera de (Nova) Holanda que eu gravei com eles em 2019 e acabei escrevendo essa música lá e deu super certo. Na verdade não era pra escrever essa, era pra escrever com a Lei Di Dai Rainha, que é do reggae, que a música também tá muito boa, a gente tá trabalhando pra ser a próxima a ser lançada e estamos estudando se vai sair no meu álbum ou no dela. O gringo vai lá, bota uma batida funk e eu falei pra Larinhx, “tô indo pra Europa agora e vou lançar um grito pra gringo”, que é onde eu escrevo essa: “a FARC liberou, vem que vem sarrar na glock. Hoje tem rave na favela, bctnh ploc ploc” e você pensa no festival, em outras pessoas que vão te ouvir, produtores e tudo mais.

8- Você trouxe muita versatilidade pro seu álbum, como foi a escolha dos feats do álbum?

Boogarins eu vivi uma emoção, há uns anos atrás fui pro SPFW, fui convidada do Bertolini a estar na primeira fileira e depois fomos pra um after e teve uma festa com sushi humano, aquelas coisas… (risos) E na época eu só fazia bate-volta, então fui embora, não fiquei. E hoje tendo essa gana de viver tudo isso, os afters da vida, os shows da vida, me veio na cabeça essa situação e voltei lá atrás pensando em São Paulo, acabei botando o dia 25 de abril pra poder rimar e acabou saindo isso: “São Paulo 25 de abril, vem quem tá vivo, quem tá morto já sumiu”. Mandei pra um amigo e ele sugeriu Boogarins, eu já ouvia Boogarins, fui ouvir de novo e pensei ‘sim, verdade’! E fiquei bem feliz que os caras retornaram com uma prévia de um vídeo e eu fiquei: caralho, não posso ouvir isso que parece que eu tomei um doce e não posso ficar flutuando assim. (risos) Ai falei pra gente marcar um dia pra gente estar junto, gravar junto. E acabei indo até eles em um estúdio em São Paulo e conheci eles e foi encantador, muito bom. E aí fui no show deles no Circo Voador, aqui no Rio, e o álbum saiu, a música ficou pronta, e eu fiquei sentida pensando que o público deles ia questionar ‘porque Deize Tigrona?’, mas tá sendo tudo de bom e eu tô muito feliz com isso. A sinceridade é que o real das músicas que eu lanço acabam empolgando o meu público e me empolgando. É o que eu quero ouvir, o que eu gosto de ouvir, é o que vai balançar o meu compasso. Gosto de Boogarins, goso de outros vários gêneros musicais e casou super bem.

“Vilão”, com Yasmin Turbininha, é uma versão favelão que eu falei ‘tem quem tá no álbum’, BADSISTA, esse mundo do tecno house, tecno pesadão eu e a BADSISTA eu acho que temos a cabeça em outro mundo, parece que a gente nunca saiu de lá. Larinhx é a monogâmica romântica, que me pegou numa situação de conquista, onde eu passei por uma parada de uma massagem num evento que eu tava muito bêbada e fiquei exposta duas horas dormindo depois da massagem, acordei e fui embora. Mas na Europa foi diferente, foi uma outra situação e escrevi pro amigo, “hoje foi diferente, recebi uma massagem”, e ele respondeu “olha, tá indo de sadomasoquista, pra massagista, acho que você tem que escrever sobre isso”. E eu tava lá almoçando e de repente comecei a compor essa musica e saiu “Massagem” e me peguei em outro mundo, em outros dedos, em outra situação e mandei pra Larinhx, e ela respondeu: “amiga, pesado. Manda pra mim”. Aí fiz com Larinhx “Prazer Sou Eu”, “Massagem”, “LSD”. LSD é uma escrita da Larinhx pra vocês verem que ela é bem romântica, monogâmica, costumo dizer que ela é aquela filha que ninguém define dos “Srs. Incríveis” (risos).

Essa audácia de lançar esse álbum é uma questão de honra, porque sempre ouvi falar que eu precisava de uma line atual para os festivais. Então falei “vamo lá, vamo fazer algo, vamos elaborar algo que entra numa banda e entra nos produtores do mundo”. Então essa diversidade que faz essa arte, de estar fora da bolha, e estar na bolha pra poder criar.

9- E agora, quais são seus próximos projetos? O que você tá preparando pros seus fãs?

A minha autobiografia que eu tô escrevendo. E tô terminando agora um livro, até o fim desse mês eu termino. Esse livro eu iniciei no Jockey Club, “Livro de Pau”, ele sai agora até o fim desse mês. E tem outras coisas vindo aí também. A gente não faz arte sozinha, a gente depende de outras pessoas também e vai rolar outras paradas.

Assista abaixo o quadro Bate-Flow com Deize Tigrona:

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