Alexandre Basa também é o produtor do disco “Babylon by Gus vol II”, que está em fase de produção
Por Lívia Mello
O disco de Black Alien que marcou a história do Hip Hop e consequentemente do rap nacional “Babylon By Gus vol I: O Ano do Macaco” completou 10 anos. Como homenagem resolvemos entrevistar Alexandre Basa, que além de ser o produtor musical dos discos é multiinstrumentista e criador do selo Earth Like Music.
Confira a entrevista na íntegra:
Há quanto tempo você e o Black Alien se conhecem?
Eu e o Black nos conhecemos em 1997, na época da gravação do disco do Planet Hemp “Os Cães Ladram mas a Caravana Não Pára” no Rio de Janeiro. Estávamos no Estúdio Mega, na presença do Mário Caldato (Produtor dos Beastie Boys-USA).
Quais foram as influências utilizadas para a produção das bases do disco “Babylon by Gus vol I: O Ano do Macaco”?
De fato a minha maior influência na época da composição do disco foi a discografia toda do Outkast, Talib Kweli e The Roots.
Quanto tempo levou para o disco ficar pronto?
O disco teve 48 dias para a sua realização! Desde o momento em que nos encontramos na praia da Barra, no Rio de Janeiro, tivemos sessões diárias de estúdio, alternando entre as gravações de voz e mixagens!
Como foi o processo de produção do disco, como as ideias surgiram? (O Black Alien compunha as letras e a partir daí você produzia as bases, ou o contrário, você produzia a base e a partir daí ele compunha as letras?).
Eu e o Black sempre compomos nossas partes em separado, logo depois apresentamos nossos feitos um para o outro e entramos em discussão! Falamos sobre a filosofia da música, as letras, influências sonoras, os timbres que iremos usar em nossa sessão. E tudo isso ocorre muito naturalmente.
O disco foi gravado em qual estúdio?
O disco foi gravado inteiramente no estúdio da Deck Disc, no Shopping Downtown, no Rio de Janeiro. Nós tínhamos o estúdio liberado diariamente a partir das 19hrs e íamos até o meio da madrugada, sempre na presença de amigos e convidados.
Em que momento você se inspira para produzir?
Pra mim a produção começa na pesquisa musical, na seleção das músicas que eu coloco no meu Ipod. Fico escutando as faixas durante todo o meu dia, buscando detalhes para a composição. O trabalho inicial é todo mental, com o computador desligado, só fazendo anotações e promovendo debates com meus amigos mais próximos.
Hoje em dia o cenário Hip Hop possui cada vez mais produtores musicais, certo? Existem diversos cursos para produção e mixagem. Qual a sua opinião a respeito? Isso é bom ou deixa o mercado saturado?
Não acredito em um mercado saturado, e sim em um mercado com maus profissionais, autossuficientes e com pouca referência didática. E isso em minha opinião é culpa do Governo do Estado e da Secretaria da Cultura, que nunca tiveram olhos para o crescimento da classe! Não existe acesso à educação e com isso nos mantemos nesse padrão Terceiro Mundista.
Qual é seu diferencial, entre tantos produtores da cena?
Eu sou Multi-instrumentista, e isso faz toda a diferença. Conhecer o universo da música na sua essência, selecionar os instrumentos que vai usar, de onde partir em uma composição, buscar uma referência histórica, é o que garante uma boa estrutura na hora de se realizar uma música!
Você também é dj? Já se aventurou nesse mundo?
Não sou DJ, mas tenho muitos amigos Djs. Gosto da arte e sempre fico feliz quando me chamam pra tocar, mas, no entanto meu negócio é fazer música.
Quais discos você produziu?
Eu ja produzi muitas faixas, remixes, em diversos discos e coletâneas. Os discos que eu destaco na íntegra são eles, Mamelo – Urbália, Turbo Trio – Baile Bass, Black Alien – Babylon by Gus vol1, Wallbangaz – Dirty From The Streets e Madballz – Kiss And Ride, que será lançado pelo meu selo Earth Like Music, ainda em 2014.
Você se interessa por outras áreas da produção musical? Como rádio, tv, cinema?
Sim, transito por todas essas áreas, apesar de ter me especializado na indústria fonográfica. É preciso ser muito bem relacionado para ter abertura nessas áreas, não basta ser competente, é um mercado muito fechado e viciado.
Conte um pouco sobre sua história e trajetória no meio da produção musical.
Em meados de 95 trabalhei em um estúdio totalmente analógico no bairro do bexiga, aprendendo a gravar e cuidar da qualidade do som com equipamentos que ainda antevinham a era eletrônica, 5 anos depois já estava em um estúdio digital trabalhando com trilhas musicais e abrindo meu horizonte para a produção musical. Já faz quase 20 anos que eu uso o sistema Protools para gravação, edição e mixagem, e com certeza é uma paixão e meu maior hobbie.
Você sempre ouviu rap?
Passei a escutar RAP na adolescência, no começo da MTV. Os dois primeiros discos que escutei no começo dos anos 90 foram Public Enemy e Racionais Mc’s.
Você pode nos explicar com como é o processo da produção musical?
Eu vou falar de um ponto importante e que faz toda a diferença na produção, que é a edição da sua música. Você tem que cuidar de cada pedacinho do som, dar atenção a sua batida, deixar ela mais natural, ponto a ponto. Encaixar os instrumentos e os samples de forma que eles não se percam no ritmo e no volume. E o mais importante, para as vozes você deve ter uma atenção redobrada, afinação, flow (ritmo), interpretação, respeitar as respirações e não deixar que ela se afunde na sua mixagem. E claro, uma boa pitada de boa sorte!
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