Por Patricio Andrés
Foi uma noite de magia. A lua cheia brilhava intensa na noite daquela sexta-feira, 12 de maio de 2017, e o mesmo brilho estava nos olhos das centenas de pessoas com as quais cruzei no show de lançamento do primeiro disco solo de Mano Brown, Boogie Naipe, que saiu no final do ano passado. Foi uma noite de surpresas. Chegamos já com o show do Rincón Sapiência rolando e o flow esperto, aliado a uma boa presença de palco, chamou a atenção na hora. Já tinha ouvido algumas músicas, mas é ao vivo que se conhece um MC e a impressão foi das melhores. Na sequência o Rael, do canto, do rap, do reggae. A galera cantando várias, baita show e era só o aperitivo. Foi uma noite de pertencimento. Claro que não faltaram figuras manjadas da cena hip-hop e do espetáculo em geral, mas era a galera que pega o bendito Terminal Campo Limpo comigo todo dia que estava naquela noite no Credicard Hall, casa ao mesmo tempo tão perto e tão longe da quebrada. São Luís e Santo Antônio estão logo ali, mas quase ninguém do outro lado da ponte costuma frequentar o lugar. Só que naquela noite eles estavam lá. Nós estávamos lá. Foi uma noite de celebração. Com uma baita banda de apoio e back in vocals maravilhosas, Brown colocou no palco, e no disco, um pouco do melhor da música que ele cresceu ouvindo. Começou com Simoninha e aquele timbre que te leva na hora ao grande Wilson Simonal. Depois lançou um Hyldon direto da casinha de sapê. Completou mandando um Carlos Dafé, o príncipe do soul na década de 70. Além de todo o clima de Motown e dos bailes da década de 80, com direito até à lentinha. Foi uma noite de irmandade. Festa boa não se faz sozinho e Brown botou na banca só parceiro de responsa. Oh, Ellen Oléria, como tu canta, menina! Tinha também Seu Jorge e sua flauta, Max de Castro e Ed Motta. Tipo escalação de gigante europeu ou do Santos do Pelé. E o que dizer de Lino Krizz? Que voz sensacional! E não é só um monstro nos vocais, mas também um dos caras que deixa tudo redondo no palco pro Mano soltar a voz e cantar, coisa que nunca imaginei ver. E não é que canta! E ainda com um sorriso no rosto. Foi uma noite de consagração. Com um trabalho consistente ao longo de mais de duas décadas, quase três, empunhando o microfone no Racionais MC’s, Mano Brown mostrou que não é só uma das principais referências do rap nacional, mas também um dos grandes nomes da música brasileira. Um fã devoto e um digno discípulo de Jorge Ben, Tim Maia, Cassiano, Simmonal e todo o panteão do groove brasileiro. Mano Brown, fumou, bebeu, cantou, rimou, dançou e botou todo mundo pra dançar. Foi uma noite sensacional!
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