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Por Lívia Mello
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Na última quinta-feira, 08, Karol Conká lançou o tão aguardado álbum “Ambulante”, pela Sony Music. Em clima intimista, a rapper apresentou o novo trabalho na Galeria 540, em Pinheiros, ao lado de DJ Hadji e banda. Kaça foi o primeiro single lançado pela rapper. A faixa integra o álbum e tem produção do Boss In Drama, que subiu ao palco e declarou como é incrível trabalhar com Karol. O disco está disponível nas plataformas digitais.
Confira a live de “Ambulante”:
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Karol publicou um manifesto em sua rede social, nos apresentando à sua nova era, confira:
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A cantora Elza Soares já ouviu “Ambulante”, e fez um texto emocionante sobre o álbum:
Original, sem cópia.
Fiquei ali, parada por alguns minutos quando o disco
terminou de tocar.
Original, sem cópia. Era esse o eco dentro do meu peito, na
minha cabeça. Eu não escutava os sons a volta, nem mesmo
minha barulhenta Copacabana que eu via pela janela, nem o
mar revolto. Original, sem cópia. Sem cópia.
Minha esperança se encheu futuro nos segundos seguintes,
depois do fim. Era um começo.
“Ambulante". Não existirá melhor nome para um álbum
autêntico, coerente e de uma artista corajosa como a Karol
Conka.
O ambulante é aquele que se joga ao mundo sem medo,
sem pudor, levando suas andanças a todos, sem distinção,
suprindo necessidades que até mesmo quem as tem
desconhece. Essa obra é isso, cara. Um refresco pra quem
tem sede e nem sabe que tem. É a bica do conteúdo que
não faz distinção de quem vai beber. Está aí pronta pra
servir ouvidos famintos em tempos de escassez de palavras.
Boss in Drama é gênio e a mistura impensada é matadora. É
manjericão com suco de uva, adoçado com batida marcante
que cai como luva no potente discurso da Karol.
No clipe eu vi Iansã vestida de Conka vestida de Oxum. Vi
uma das irmãs Virgílio (adoro as duas), sufocando fora
d’água, num balé agonizante, universal. Vi o oco abafado da
voz de quem grita até pra surdo ouvir. Vi preta
protagonizando, vi preto protagonista, vi meu povo preto
contando um viés do cotidiano.
Karol é com K, mas pode ser também com “O” de orgulho,
com “R” de resistência, “F” de forte, de fama, de fome de
mudar essa realidade dura que desenharam pra nós, no
silêncio sorrateiro de quem vence, de quem contou nossa
história por um prisma sujo durante décadas. A Carne mais
barata do mercado encareceu, minha gente. Esse disco da
Karol ajuda a melhorar essa cotação, sem depender de cota
pra isso. Mulher, preta, mãe, artista, brasileira, produzindo
em alto nível um disco na sala de casa, no íntimo do seu
mundo. Sonhei tanto com isso, lutei tanto por isso. Que
orgulho. Motiva meu grito.
Eu fui convidada para escrever o release desse trabalho.
Decidi escrever sobre o quanto ele me emocionou. Vida
longa a arte de Conka.
Texto: Elza Soares
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