Moinho Vivo

A SITUAÇÃO POLÍTICA

Desde 2006 o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), tenta desalojar a comunidade do Moinho abrindo uma ação judicial para pedir a desapropriação do local. Porém, a comunidade que ocupa o local há 30 anos entrou em 2010 com uma Ação de Usucapião Urbana Coletiva e conseguiu aprovação da justiça, interrompendo as ações de despejo abertas pela Prefeitura até que chegue o julgamento final, que normalmente demora muitos anos. Isso faz com que o projeto de revitalização do centro de Kassab não seja aplicado no local.

Em dezembro de 2011 houve um incêndio na favela do Moinho e num prédio próximo ocupado por pessoas da comunidade, a informação passada pela mídia é de que “pelo menos uma pessoa morreu e outras 380 ficaram desabrigadas”, mas moradores revelam que mais de 40 pessoas morreram no incêndio. Em janeiro de 2012 foi aberto um inquérito civil pelo Ministério Público para apurar as ilegalidades cometidas pela Prefeitura durante a construção de um prédio ao redor e averiguar se essa construção teria influenciado o incêndio.

Esse não é o primeiro acidente que acontece na região, o que faz a população local desconfiar que a causa desses ocorridos seja a especulação imobiliária. O projeto de Kassab visa reurbanizar o centro, e isso significa um processo de higienização e de contruções de alto padrão, como bulevares, prédios com lojas, escritórios e moradias que não irão atender as prioridades dos moradores de baixa renda do local. Sendo que essas construções não atendem os critérios estabelecidos pela Lei de Zoneamento da região e mesmo assim foi aprovada pela Câmera Municipal.

Em pleno 1º de janeiro, feriado, o prédio do Moinho foi implodido ao custo inicial de R$ 3.500.000,00 pagos às empresas Desmontec e Fremix, responsáveis pela implosão. A pressa para tirar o moradores de lá é grande, pois dessa forma não haverão provas das irregularidades e com a área vazia o Prefeito de São Paulo atinge seu objetivo mais rápido. As pessoas que vivem ali sofrem com o jogo de interesses, onde seu futuro é o que menos importa no momento.

O HIP HOP FAZ SUA PARTE

Para contestar essa situação e como forma de contribuição, foi organizado um evento de Hip Hop onde representantes de diferentes gerações do rap se apresentaram na comunidade. Houve shows de Rincon Sapiência à Mano Brown, passando por Sombra (SNJ), Kamau, Dexter, entre muitos outros. Também como parte do evento, foram arrecadados alimentos, roupas e produtos de higiene pessoal e limpeza para os moradores. O evento que contava com a presença de b. boys, graffiteiros, poetas e grupos de rap, começou ao meio dia e só terminou à meia noite, haviam muitas crianças desabrigadas na comunidade que se divertiam neste dia, algumas grafitavam, outras jogavam bola ou assistiam aos shows.

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Mano Brown dividiu o palco com Milton Sales durante seu show e trocou grandes idéias com o público, Milton Sales é o idealizador do evento. Brown falou sobre a divisão de poderes e terras, e fez uma restropectiva na época em que essas divisões ocorriam entre portugueses e índios e continua nos dias de hoje entre governo e favela.  Também expos sua opnião dizendo que existe a necessidade da divisão de terras nos dias de hoje, que todos deveriam ter direito a um terreno de 1500m².

Foram mais de 40 grupos de rap que se apresentaram e mais de 850kg de comida arrecadados, esse evento mostrou que ao contrário da polêmica que muitos insistem em acreditar, o hip hop não está morto, está mais vivo que nunca, mostrando todo o seu potencial contra a injustiça social. Enquanto o governo dá as costas à população, omite informações e manipula fatos a cultura hip hop está aí, dando a força necessária para a comunidade neste momento, contribuindo com sua arte, música, dança e arrecadações que vinham também através da renda recebida pela venda de livros, Toni C. foi um dos que vendeu seus livros no evento destinando o valor arrecadado para a favela. O hip hop consegue expressar sua revolta através de sua cultura, se manifesta beneficiando os que não tem apoio de quem mais deveria dar.

Recentemente Emicida e Renan Samam gravaram um vídeo clipe “dedicado às vítimas do Moinho, Pinheirinho, Cracolândia, Rio dos Macacos, Alcântara, e as quebradas devastadas pela ganância”

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“Quanto vale uma vida humana, me diz?” Emicida

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