Como parte do projeto de digitalização do seu catálogo, a gravadora lançará em todas as plataformas digitais os álbuns “Eu Tiro É Onda”, “À Procura da Batida Perfeita”, “Acústico Marcelo D2″ e “Meu Samba é Assim”. (Créditos da imagem: Divulgação)
A jornada à procura da batida perfeita terá quatro de seus principais atos finalmente lançados nas plataformas digitais. Atendendo aos apelos de fãs de diversas gerações, Marcelo D2 e Sony Music Brasil levarão quatro dos principais álbuns do artista ao streaming: “ Meu Samba é Assim” (2006) chegará ao público em 26 de julho; seguido por “Eu Tiro a Onda (1998)”, em 02 de agosto; Acústico MTV (2004), dia 09 de junho e o aclamado “A Procura da Batida Perfeita” (2003) em 16 de agosto.
“A chegada desses quatro álbuns às plataformas é muito importante pra mim. Cada um desses trabalhos representa um momento crucial da minha trajetória. Agora, com toda a minha obra solo disponível, o público pode reviver ou descobrir essas histórias e sonoridades. A procura continua mais viva do que nunca, e é muito gratificante ver como essas músicas ainda tocam e inspiram as pessoas”, afirma Marcelo D2.
Há 26 anos Marcelo D2 iniciava sua jornada solo com “Eu Tiro É Onda”. Naquele período, 1998, o rap nacional vivia a sua era de ouro, quebrando paradigmas, não somente na qualidade das produções, mas também por entrar em territórios que antes não tinha espaço. Dessa forma, tornou-se porta-voz de uma população que não tinha meios para expressar suas indignações e reivindicar direitos.
Antes mesmo de pegar a estrada sozinho, D2 já confrontava o sistema ao lado dos seus parceiros de Planet Hemp. Porém, quando todos aguardavam um (então) terceiro álbum do grupo, ele foi para os EUA, comprou alguns equipamentos e resolveu gravar um disco de rap na própria casa dele. Com esse projeto, o artista redirecionou os caminhos do rap do Brasil, mostrando as várias possibilidades de unir as batidas carregadas do boom bap nova-iorquino com MPB, jazz, bossa-nova e samba.
Para a coprodução, ele convidou Mario Caldato Jr., que naquele momento já tinha produzido Beastie Boys, Zé Gonzales (Zegon) e DJ Nuts. Musicalmente, o disco é um dos pioneiros e únicos do gênero no Brasil a ter uma grande quantidade de samples de música brasileira e a participação de um rapper norte-americano, o Shabazz The Disciple (Sunz of Man e Da Last Future).
Um clássico, muitos fãs só o conhecem de ouvir falar, pelo fato de não estar oficialmente nas plataformas digitais. Agora, como parte do Projeto de Digitalização do Catálogo da Sony Music, que visa disponibilizar álbuns nacionais da gravadora ainda indisponíveis para streaming, “Eu Tiro É Onda” finalmente chega aos serviços de música digital.
Cronologicamente, “A Procura da Batida Perfeita”, de 2003, iniciou a imersão de Marcelo D2 no samba. O título é uma referência ao single “Looking For The Perfect”, do Afrika Bambaataa, um dos arquitetos do hip hop. Diferente do antecessor, os beats ganham de vez a companhia orgânica da batucada e de acordes de violão, criando assim uma textura pouco explorada no rap do Brasil até aquele momento. Novamente, Mario Caldato Jr. assina as produções, que são encorpadas por samples de João Nogueira, Luiz Bonfá, Paulinho da Viola, Antônio Carlos & Jocafi e Marku Ribas. Na lista de convidados estão o filho de Marcelo, Stephan (Sain), e will.i.am (Black Eyed Peas) – além de Ivan “Mamão” (Azymuth) na bateria e Seu Jorge nos vocais de “A Maldição Do Samba”.
Pela estética diferenciada, e até vanguardista, carregada com as vivências das rodas de samba e das ruas do Rio de Janeiro, o álbum sedimentou a carreira de D2, emplacou hits – entre eles “Qual É” e “Loadeando” -, atingiu o topo das paradas nas rádios, invadiu os programas da TV aberta e expandiu o seu alcance para além das fronteiras, o levando (inclusive) para tocar no lendário Montreux Jazz Festival, na Suíça. Sua atemporalidade mostrou que, de fato, depois do samba a vida do gringo (o rap) nunca mais foi a mesma.
Inquieto, Marcelo D2 foi além. Com o “Acústico Marcelo D2”, de 2004, inovou mais uma vez, fazendo o 1º álbum de rap acústico ao vivo do país. Novamente, o samba dá o tom e direciona todo o repertório composto por faixas dos 2 discos anteriores e uma do Planet Hemp (“Contexto”). Para isso, reuniu uma banda de apoio com alguns dos músicos mais respeitados, dos quais estavam Mauro Berman, Duani, Philippe Baden Powell, Pretinho da Serrinha, Layse Sapucahy, Cidinho Moreira e Helena Imasato. Para não fugir do formato, os scratchs e beats foram inseridos por Fernandinho Beatbox.
A produção de David O Marroquino teve Gabriela Geluda, Juju Gomes, Patrícia Maia e MC Marechal nos backing-vocals, e o feat de Stephan, will.i.am, BNegão e João Donato, que deu um brilho a mais com seu piano. Não por acaso, recebeu elogios da crítica e do público, e ganhou Disco de Ouro.
Passados dois anos, o artista retornou com a pergunta: “Quem é que mistura o rap com samba?” A resposta é dada ao longo de “Meu Samba É Assim”, 2006, sua reafirmação do jeito diferenciado que desenvolveu para fazer rap e samba.
Mesmo fugindo do tradicionalismo, D2 conquistou respeito tanto no hip hop quanto entre os sambistas. Mantendo o conceito musical, os recortes continuaram sendo de canções locais, de Miguel de Deus a Originais do Samba. Quase com passe vitalício, o piano de João Donato se faz presente, assim como a voz de Alcione, Aori, Marechal, Layse Sapucahy, Chali Tuna E Cut Chemist, Mr. Catra, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Baden Powell e Bezerra Da Silva – estes dois, com trechos de falas cedidos para complementarem as narrativas.
Pode-se considerar que essa é uma ode do artista para um dos seus gêneros musicais favoritos e aqueles que o arquitetaram e o mantém vivo e a cada dia mais criativo e inovador. Aponta também para qual caminho seguiria dali para frente na infindável busca da batida perfeita.
Esses 4 álbuns mostram, portanto, a evolução e a revolução que Marcelo D2 iniciou e segue fazendo dentro e fora do rap. Também ajudaram a consolidar sua trajetória artística, ampliando o alcance de sua música para além das cenas do movimento hip hop e rock brasileiro. Mesmo enquanto essas obras não estiveram disponíveis digitalmente, continuaram atravessando gerações, com suas músicas cantadas verso a verso pelos fãs, influenciando esteticamente desde novos artistas a veteranos da música brasileira . Agora, será possível conhecer, rememorar ou até mesmo ressignificar cada um desses trabalhos.
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