“Recolhimento” é o novo trabalho de Jota Ghetto

Lançamento do artista chega essa semana no streaming.

O EP Recolhimento traz um breve porém carinhoso olhar sobre a masculinidade preta, com o ar das possibilidades mais presente do que a ventania das mazelas, sem soar utópico, ficção sem ser fictício, baseado em sentimentos e exemplos reais. É sobre como um homem preto passa a se perceber dentro da sociedade que não o inclui, ironicamente, e se permite capacitar racialmente, se amar humanamente a partir do que ele tem à sua volta.

Esse olhar para o exterior é feito dentro do lar, da família, do relacionamento afetivo, daí o nome ‘Recolhimento’.

Aprender a se gostar além do ponto de vista cosmético, ter e ser família, diferentemente do que é esperado e cristalizado culturalmente no Brasil, o trombadinha, o boleiro, o exímio atleta, o amante insaciável, o descompromissado, irresponsável afetivamente e, por fim solitário.

Buscar no passado de pretas e pretos antigos, ressaltando os reais e ressignificando os fictícios, a origem africana incinerada, distorcida em livros infantis, o estilo de vida estereotipado em séries de tv. Pensar a representatividade em figuras reais do presente, sem o “mito do falo grande”, privilegiando a figura de um ministro negro à de um ator negro hollywoodiano com porte atlético, que embora também demonstre competência em seus trabalhos, é hipersexualizado, por exemplo.

O sexo é trazido ao EP também dentro desse lar, no momento a dois, onde o homem entende, respeita e se diverte satisfazendo as vontades da companheira.

A privacidade e liberdade da companheira é apresentada de forma subjetiva no desfecho do EP, numa espécie de “momento pai-e-filho”, onde os dois vão para um ensaio na quadra do Vai-Vai, enquanto a mulher tem seu momento livre, podendo ir somente se quiser.

Podemos enxergar a jornada de vários( o menino, o adolescente , o jovem, o adulto, o idoso até ) ou apenas um homem, dependendo da ordem que as músicas forem ouvidas, de ponta-a-ponta respeitando a ordem, que também segue uma espécie de cronologia musical (boombap,trap, drill e garage, nessa sequência) ou aleatoriamente, de forma individual.

Todas as faixas foram produzidas e gravadas por Thiago SK, com exceção de ‘Pedro Leva Kairê à Quadra’ produzida e gravada por Harry Paris com participação de Stevan.

A produção executiva é da KL Música e a distribuição digital está nas mãos da Altafonte.

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